terça-feira, 22 de dezembro de 2009

FELIZ NATAL com as bençãos de HILDA HILST

Faz um bom tempo que eu escolhi e salvei este texto da Hilda Hilst na pasta de textos de outros autores pra postar no meu blog...queria postar logo mas não conseguia um tempo ocioso para ter aquele prazer de escrever pro "pronto.tobemridícula...", pois esse fim de ano me trouxe uma avalanche de urgências profissionais... Concordo com o Domenico de Masi-ócio criativo...
Começei a ficar mais tranquila, hoje..e entrei no meu blog..mas percebi que ainda tenho que revisar e editar uns textos que eu escrevi...então resolvi postar a Hilda..E qual foi minha surpresa? Vejam a data da carta...
Eu tô aceitando esta coincidência como uma armação espiritual da própria autora...Tô achando que ela me fez não ter tempo de postar este texto antes...e só me arranjou uma folguinha hoje...pois esta é a sua mensagem natalina pra nós...UMA PORRADA!!!!
Lógico,né? Santa Hilda Hilst não é uma daquelas santas virgens-patetas-infantilizadas, socadas em conventos e fora da realidade...
Aproveite o Natal pra cair na real.....
O amadurecimento é o presente mais útil que podemos ganhar.
Beijos Grace


TRECHO DE UMA CARTA DE HILDA HILST PARA ANTONIO NAUD JÚNIOR

"Você me fala do teu poço, Naud, meu baiano bonito, o poço há de ser sempre, as vezes com água mais clarinha, outras vezes com lama, bosta etc. Todos nós que escrevemos somos, queiram os outros ou não, diferentes mesmo, não há jeito. Eu sei que nada tenho a ver com as bestas-feras que habitam o planeta, acho mesmo que somos totalmente diversos, o olho vê mais fundo, a comoção é intensa, maior, fulgurante, tudo nos toca nos comove, nos mata nos aterroriza, o planeta Terra é muito bonito mas ficará amerdalhado totalmente logo mais, tenho profundo desprezo pelos homens políticos de agora de sempre, são todos uns filhos da maior puta, e nós nas mãos deles, cago para todo o Sistema de bosta, pra tudo, não desejo coisas além da solidão muito grande, só aqueles que fazem parte da minha família, isto é os escritores, os de intensidade verdadeira, os que sofrem de piedade e compaixão, as vezes penso que não vou agüentar continuar a existir vendo tanta crueldade, tanto horror. Também meu poço existe, também não tenho nada a ver com cidades, as vezes vou para SP para lançar um livro, como você sabe, chego lá tomo mil porres, ninguém tem nada a dizer, é a mesma baboseira de todos. Naud, nós todos temos problemas, saiba viver com os seus, te foi dado essa coisa tão difícil que é o ato de escrever, o sentir agudo o talento, você é um escritor e pronto, arranje um trabalho de bosta qualquer, meio período, mude-se para um pequeno lugar, você não é casado, não tem filhos para sustentar, escolha o lugar onde quer morar, arranje umas colaborações em revistas jornais, escolha a tua própria vida, faça a sua própria vida... "
(25 de dezembro de 1990)

2 comentários:

  1. leio o texto, leio o teu perfil, faço o cruzamento dos dois e percebo que as cartas escritas - ainda que pessoais - têm a sua impessoalidade própria, pois cabem para muitos. sempre acreditei em "escolhas", são elas que nos fazem maiores e melhores num mundo cheio de coisas, por vezes, tão pequenas.
    há muito o que se agradecer pela existência de Grace Gianoukas. parabéns pela vida! abços

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  2. marco carneiro (m.mcarneiro@hotmail.com)10 de janeiro de 2010 às 18:10

    hilst é fruto que amadureceu precoce e se fez magia no seu tempo.
    grace é o verbo que o tempo apresenta para que amadureçam outros tantos frutos.
    são tantas histórias...
    são tantos risos...
    são tantas lições...

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