segunda-feira, 26 de novembro de 2012

O NOSSO AMOR A GENTE INVENTA.


O NOSSO AMOR A GENTE INVENTA.

   O quê?  Você disse: “O nosso amor a gente inventa”?
   Isso é uma proposta? 
   Hum, tá, eu topo, vamos inventar. A gente inventa, mas e depois, você sustenta? 
   Diz que sim. Diz que sustenta, vai, por favor. Diz que, dessa vez, você não vai desistir, que você vai sustentar a nossa invenção até o fim. Pelo amor de Deus!!!
   E o amor de Deus, será que a gente também inventa? Será, mesmo?
   Então, será que é por isso que, às vezes, a gente pensa que ELE nunca existiu?
   Ai, credo! Que perigo pensar uma coisa dessas. Se eu desinventar Deus, vai ser uma merda. Eu desinvento e depois, sozinha, faço o quê?  Vou como? Eu e a bússola? Eu e a brisa? Não sei, não. Sem Deus, há apenas uma maneira de ir: “'Só se for a dois”.Vamos de dois? Vamos juntos? Vamos? Você tá louco pra ir? Sério? Oba! Vai ser ótimo. Só que, antes de irmos, eu preciso que você nos faça um favorzinho.
   Você me ajuda a resolver um problema e a gente já vai. É o seguinte: preciso que você tente achar alguma coisa na sua caixa de ferramentas, pode ser um alicate, um pé de cabra, um fórceps, sei lá, pode ser qualquer coisa que seja capaz de me arrancar de mim... Pode ser, por exemplo, um pedaço de bacon. Você coloca assim, do meu lado, e tenta. Quem sabe me dá um ataque e, de repente, eu pulo de mim para o bacon? Bem, isto funciona com o berne, ele sempre pula pro bacon. Mas você tem que fazer isso rápido. Tem que ser já, antes que seja tarde demais. Porque, não sei se você sabe, "ver é irreversível”, e eu vi. 
   Aliás, pensando melhor, esquece. Obrigada, mas não precisa mais me fazer favor nenhum.    Esquece tudo. Quer saber? Eu já vi mesmo.É irreversível. Não é?
   Então, foda-se. Agora eu vou olhar mesmo, vou olhar bem olhado.
   Eu já saí da caverna, sozinha, fugindo da escuridão. Fui, sozinha, pra lugares que ninguém tinha ido antes, abri picadas na mata virgem pra conhecer o desconhecido.
   Oh, maldição! Agora é tarde demais.
   Eu deveria ter pedido pro Sócrates: “Me segura, Sócrates, por favor, não me deixa sair desta caverna. SÓCRATES, ME DEIXA SER BURRA!”, mas o Sócrates nem estava lá, eu nem conhecia o Sócrates nessa época..
   Agora eu não posso voltar pra caverna, não há como voltar. Foram muitos arranhões, tem muitas cicatrizes na minha pele, eu estou diferente. O povo da caverna, no meio daquela escuridão, me estranharia. Eles iriam me hostilizar e, certamente, eu morreria linchada. E, eu me nego a morrer pelas mãos de gente medíocre. Coitados..Eles não tem culpa da mediocridade..Nem culpa, nem consciência... Mas, Deus  me livre!!!! 
    Eu prefiro me matar sozinha.                                                    
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